quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Cocaína e Crack

     Algumas verdades para serem esclarecidas sobre a cocaína e o crack.
    A diferença da cocaína em relação ao crack nada mais é do que a cocaína em pó, adicionada de água e bicarbonato de sódio. Essa mistura é aquecida até a água evaporar, e o produto final consiste de pedras de cocaína. O nome “crack” vem de uma palavra inglesa que descreve o som produzido durante o processo de aquecimento da droga na hora de fumar.
    O crack surgiu nos EUA no final da década de 80 como uma forma de cocaína que pode ser fumada. É impossível fumar a cocaína em pó, pois ela desmancha e não vira fumaça.
    Altas doses de cocaína ou crack podem produzir alguns tipos de movimentos repetitivos (por exemplo, coçar o nariz compulsivamente, olhar de lado etc.), irritabilidade intensa, violência, inquietação, medo excessivo, que pode transformar-se na sensação de estar sendo perseguido (essa sensação pode ser tão intensa a ponto de ser confundida com uma doença psiquiátrica muito grave chamada esquizofrenia), e aumento da temperatura do corpo com febres de mais de 39ºC. Podem ocorrer ainda convulsões semelhantes à epilepsia, e as arritmias cardíacas (sensação de que o coração está batendo irregularmente) são bastante comuns, sendo uma das causas mais frequentes de desconforto após o uso da cocaína.
    Quando os efeitos de intensa excitação ocorrem, eles podem ser seguidos de depressão. O efeito rebote pode ocorrer mesmo com doses baixas de cocaína.   
    Afora os efeitos já assinalados, podem ocorrer mudanças na personalidade dos usuários, em especial nos que consomem a droga diariamente. Sentem-se pressionados a consumir a droga e não se importam com o que deveriam estar fazendo; passam a ficar com segredos, a faltar a compromissos e a mentir; começar a gastar dinheiro muito mais do que antes e podem passar a vender objetos pessoais ou da família para conseguir comprar a droga. Subsequentemente podem passar a roubar e a assaltar para o mesmo fim.
    É notável que a diminuição do cuidado consigo mesmo e a perda dos valores morais e sociais ocorrem muito mais rápido com os consumidores de crack, possivelmente devido à capacidade de esta droga provocar dependência mais rapidamente.
   O usuário da cocaína sente que está no topo do mundo e que pode tudo, entretanto a sua concentração e atenção diminuem. Se alguém, sob o efeito da cocaína, tentar ler um livro ou precisar tomar decisões complexas, não conseguirá, pois a sua capacidade de organizar as informações, memorizar e decidir estará comprometida. Além disso, logo depois de o efeito da droga passar ele sentirá mais ansiedade, cansaço e depressão do que antes do seu uso.
   Em relação ao prazer sexual, há o mito de que a cocaína, por ser uma droga estimulante, aumenta o prazer sexual. Na verdade, nossa experiência comprova que a maior parte dos usuários deixam de lado o sexo e se dedicam quase que exclusivamente à busca do prazer momentâneo produzido pela droga. Muitos pacientes em tratamento relatam que não mantêm relações sexuais há muito tempo.
   No caso do crack, em particular, a diminuição do convívio social leva a uma consequente diminuição do interesse sexual.
   A cocaína e o crack produzem uma alteração geral no sistema nervoso, mas também provocam alguns problemas mais específicos, como dor de cabeça, tremores, tonturas, desmaios, visão embaçada, tinido no ouvido. Dois problemas merecem destaque especial: os derrames (Acidentes Vasculares Cerebrais ou AVC) e as convulsões.
   As convulsões, ataques semelhantes aos que ocorrem nos epilépticos, são observadas principalmente entre os usuários de crack.
   Uma das características mais marcantes da cocaína é sua capacidade de diminuir sensivelmente o apetite e causar perda de peso no usuário. Se inicialmente a perda de peso é até bem-vinda, progressivamente se transforma num grande problema, pois a pessoa pode ficar dias e dias sem comer, o que a levará a quadros de desnutrição, anemia e outros distúrbios metabólicos. Sem contar que a perda de peso é sempre acompanhada de carência de vitaminas, principalmente vitamina B6.
   A morte por problemas cardíacos é uma das principais causas de overdose, mais comum até que as causas neurológicas.
   Além das causas fatais, o coração do usuário de cocaína trabalha mais do que o normal e a diminuição do oxigênio pode levar a um quadro chamado de cardiomiopatia. A cocaína também tem sido relacionada com uma intoxicação específica do músculo cardíaco que diminuiria a função da parte esquerda do miocárdio. A miocardite aguda é especialmente observada em usuários de crack. Paradas respiratórias podem ocorrer como consequência da overdose de cocaína, independentemente da via usada.
   Os efeitos indesejáveis do uso da cocaína e do crack não ocorrem somente com grande doses ou quando a droga é usada por via endovenosa; mesmo doses pequenas usadas por via nasal podem provocar as consequências já descritas. Além disso, usuários que consomem cocaína há algum tempo não estão protegidos dessas complicações. Isso porque a tolerância à droga varia muito de pessoa para pessoa; até a sensibilidade de um indivíduo pode mudar ao longo do tempo, e uma dose considerada “segura” pode tornar-se letal após alguns meses.
      Portanto podemos afirmar que não existe dose segura para os usuários de cocaína, o seu uso sempre implicará um risco substancial para o saúde.
   As pessoas estão acostumadas a ouvir que o dia seguinte a um de uso intenso de álcool constitui-se de uma série de sintomas físicos, conhecidos como ressaca. No entanto, às vezes se surpreendem quando são alertadas sobre o dia seguinte ao uso de cocaína.
    Após passar o efeito da droga, o cérebro não volta ao seu normal imediatamente. O dia seguinte ao uso da cocaína constitui-se de depressão, desânimo, irritabilidade, insatisfação, baixo poder de concentração, fome etc. E quanto mais cocaína for usada, maior será a “ressaca” no dia seguinte. À medida que as “ressacas” ficam cada vez mais frequentes, a pessoa tende a usar cocaína sem intervalos, procurando aliviar esses sintomas negativos. É a partir daí que as chances de dependência ficam cada vez maiores.

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