Muitas pessoas quando ouvem falar num usuário de drogas, acreditam que esta pessoa esteja desempregada, perambulando pelas ruas suja, magra, sem destino, já não tenha mais família... tudo de ruim é imaginado. Mas não é bem assim, um dependente químico, ou alcoolista, na maior parte das vezes tem casa, família, trabalho, e usa drogas ou bebe. É claro que existem muitos que já perderam tudo sim!
Essa pessoa acredita que, pelo fato dela trabalhar, pagar as contas de casa, pode beber o quanto quiser e até mesmo usar droga de uma forma controlada, claro, a ilusão é de que sempre se está no controle.
Esse é o discurso de muitos adictos, que minimizam sua doença, dizendo que trabalham, que nunca roubaram, não trocaram objetos de sua casa, mas o fato do dependente nunca ter feito isso, ou melhor, ainda não ter feito isso, não ameniza a doença.
Quando um adicto passa por um processo de tratamento, e logo depois recai, não importa o tempo que este permaneceu em abstinência (dias, meses ou anos), o retorno é de onde parou. Costumo dar o exemplo da vela, que uma vez acessa, nunca mais fica inteira, assim é a dependência, quando o adicto recai, ele volta de onde parou.
A recaída é sempre pior, e cada vez mais progressiva, e aquela pessoa que, até então, não havia gastado todo seu salário com droga, acaba por fazer;quem não havia roubado dentro de casa, ou trocado seus pertences ou da família, passa a fazer.
O senso crítico deixa de existir e a pessoa passa a ter comportamentos que ainda não haviam sido vistos pela família, ou pelas pessoas que estão por perto.
Por isso dizemos, que a dependência é a doença do "ainda", porque quando se está em tratamento, muitos pacientes minimizam a doença dizendo que não cometeram nada grave, mas ainda não tiveram atitudes que os levassem para o fundo do poço, e as vezes, de uma maneira irreversível.