sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Dependência química - "A doença do ainda".

      Muitas pessoas quando ouvem falar num usuário de drogas, acreditam que esta pessoa esteja desempregada, perambulando pelas ruas suja, magra, sem destino, já não tenha mais família... tudo de ruim é imaginado. Mas não é bem assim, um dependente químico, ou alcoolista, na maior parte das vezes tem casa, família, trabalho, e usa drogas ou bebe. É claro que existem muitos que já perderam tudo sim!
      Essa pessoa acredita que, pelo fato dela trabalhar, pagar as contas de casa, pode beber o quanto quiser e até mesmo usar droga de uma forma controlada, claro, a ilusão é de que sempre se está no controle.
       Esse é o discurso de muitos adictos, que minimizam sua doença, dizendo que trabalham, que nunca roubaram, não trocaram objetos de sua casa, mas o fato do dependente nunca ter feito isso, ou melhor, ainda não ter feito isso, não ameniza a doença.  
       Quando um adicto passa por um processo de tratamento, e logo depois recai, não importa o tempo que este permaneceu em abstinência (dias, meses ou anos), o retorno é de onde parou. Costumo dar o exemplo da vela, que uma vez acessa, nunca mais fica inteira, assim é a dependência, quando o adicto recai, ele volta de onde parou.
          A recaída é sempre pior, e cada vez mais progressiva, e aquela pessoa que, até então, não havia gastado todo seu salário com droga, acaba por fazer;quem não havia roubado dentro de casa, ou trocado seus pertences ou da família, passa a fazer.    
          O senso crítico deixa de existir e a pessoa passa a ter comportamentos que ainda não haviam sido vistos pela família, ou pelas pessoas que estão por perto.
             Por isso dizemos, que a dependência é a doença do "ainda", porque quando se está em tratamento, muitos pacientes minimizam a doença dizendo que não cometeram nada grave, mas ainda não tiveram atitudes que os levassem para o fundo do poço, e as vezes, de uma maneira irreversível.


quinta-feira, 13 de abril de 2017

Culpa

   A culpa é um sentimento que assola não somente o dependente químico, mas a família também carrega um sentimento de culpa muito forte pelo que está vivendo.
   O dependente químico quando se encontra num processo de recuperação, e começa a reconhecer todos os comportamentos negativos que teve, passa a ter um sentimento de culpa intenso por enxergar o quanto machucou e magoou as pessoas que mais amava.
   Já a família carrega um sentimento de culpa por se sentir impotente perante a situação, por não conseguir ajudar a pessoa que tanto ama e que não percebe que está se auto-destruindo.
   Ambos precisam reconhecer a necessidade de ajuda, é preciso buscar tratamento especializado tanto para o dependente químico como para o familiar co-dependente, que sofre tanto quanto.
   Somente um tratamento correto os ajudará a entender determinadas atitudes e trará a libertação desse sentimento.

sábado, 1 de abril de 2017

Recaída

   Quando falamos em recaída, precisamos ter em mente que, para que ela aconteça, é necessário que o dependente químico esteja em processo de tratamento, em processo de mudanças, e claro, abstêmio por um tempo, daí sim, podemos dizer que houve uma recaída.
   Recaída não significa falta de capacidade ou "um caso perdido", mas são necessárias muitas tentativas, tratamento, esforço pessoal, para manter a abstinência.
   O apoio familiar é fundamental para evitar que a recaída aconteça.
   E como identificar o início de uma recaída?
   Existem sinais de que a pessoa não está bem, de que algo está acontecendo. Antigos hábitos voltam a ser atuados, aproximar-se de pessoas que consomem drogas ou bebida alcoólica; afastar-se da família; perder o interesse por lazer, ou atividade física; mudar hábitos alimentares; ficar isolado, agressivo; apresentar alteração no humor, entre outros sinais que podem indicar que a pessoa está num processo de recaída.
   Vale lembrar que a recaída não faz parte do tratamento, como muitos dizem para tentar justificá-la, e sim do processo de mudança do individuo.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Grupo de Apoio

  
   Existem vários tipos de grupos de apoio ou de ajuda, para lidar com vários problemas específicos. Vou falar sobre grupos de apoio para familiares de dependentes químicos.
   O grupo é o local onde existe troca de experiências do dia a dia, aprendizagem sobre a dependência química, em específico. As pessoas passam a ter acesso à informações relacionadas à adicção, aprendem sobre o comportamento do adicto, e acima de tudo, aprendem a lidar com suas próprias angústias, sua ansiedade, seus medos, suas carências, e principalmente aprendem sobre a Co-dependência, o que é de fundamental importância; pois a família precisa dizer o que sente diante das situações vividas, precisa entender que não está sozinha e não é a única a passar por esse tipo de experiência.
   A família precisa se sentir acolhida, ouvida, e também, precisa ouvir outras experiências, pois isso irá fortalecer muitas decisões que sejam necessárias.
   E para que um dependente químico tenha sucesso em seu tratamento, é de fundamental importância que a família também esteja se tratando, pois só assim é possível compreender todas as fases do processo de recuperação.

terça-feira, 7 de março de 2017

Liberdade

   Tem coisa melhor que nossa liberdade?  Poder se expressar, ser quem você é.
   Sermos livres é algo que devemos preservar. Não sermos ou estarmos livres não significa somente espaço físico, estar preso em algum lugar, por exemplo uma cadeia.
   Liberdade vai além disso.
   Você pode estar preso à padrões de comportamento, preso à pensamentos obsessivos, preso à vícios como álcool e drogas, preso à paixões, entre muitas outras prisões, as quais o próprio Ser Humano se coloca e se escraviza.
   Essas prisões paralisam e causam grande sofrimento mental, emocional, chegando a se refletir no físico.
   Por que você sofre com tudo isso? O que te aprisiona?
   Você tem medo do quê?
   Liberte-se para novas descobertas, liberte-se para o novo.
   Dê o primeiro passo para uma nova vida, tenha Coragem!
   Não passe uma vida em uma prisão que você mesmo se colocou!
  

segunda-feira, 6 de março de 2017

Crocodil

   Tenho ouvido muitas pessoas fazerem comentários sobre a droga mais mortal do mundo, semelhante a heroína. Estou falando da Crocodil (ou KroKodil), um narcótico de fácil acesso e de baixo custo em relação à heroína.
   É uma droga que substitui a heroína, tendo como princípio ativo a "desomorphine", que é vendida em alguns países da Europa, em substituição a morfina, sendo de 8 a 10 vezes mais potente que a morfina.
   O grande problema nisso tudo é que o dependente no momento da fissura, necessitando da droga, inclusive fisicamente, e não tendo disponível sua droga de preferência, por qualquer razão, acaba usando aquilo que é de mais fácil acesso, daí faz uso de drogas como essa.
   Para chegar a essa droga, a pessoa já deve estar fazendo uso de outras drogas, salvo algumas exceções, pois a partir do momento que se inicia o uso de algo tão mortal, dificilmente o individuo fará novamente uso de uma substância menos potente (em relação a esta, mas não menos prejudicial a saúde física, mental e emocional).
   A abstinência causa dores terríveis, contribuindo para que o uso seja cada vez mais frequente, pois este acaba sendo um anestésico, levando o individuo a um estado de degradação, o que culminará em sua morte, pois muitas complicações levaram a isso.

As máscaras caem

   Ninguém consegue manter uma mentira eternamente, cedo ou tarde, a verdade aparece.
  Com o adicto não é diferente. Apesar de acreditar ter o controle da situação e usar de mecanismos, como a manipulação, para enganar e esconder das pessoas à sua volta o seu uso, em algum momento não conseguirá agir assim.
   Isso porque a necessidade do uso se torna cada vez mais frequente, e o descontrole começa a surgir, fazendo com que, o que antes parecia fazer parte da rotina, se torne um grande problema.
   Neste momento torna-se explícito as manipulações, as mentiras, o comportamento desonesto para poder manter o vício.
   Portanto, acreditar que está sempre no controle é um auto-engano. 

quarta-feira, 1 de março de 2017

O Carnaval e suas Recaídas


   O que muitos esperam do Carnaval? -  Animação? Alegria? Folia?
   O que um dependente químico espera do Carnaval? - Animação? Alegria? Folia? E algo mais.... pode-se dizer, muito mais! O adicto quer buscar o prazer desenfreado, sem limites. Essa busca pode ser traduzida como fuga, fuga da sua realidade, das suas frustrações, das suas dores emocionais, fuga de muitos complexos.
  Esse é um momento crucial para o adicto, momento em que pode vir a tona sua fragilidade, porque nem todos conseguem abrir mão de uma vida cheia de ilusões e, dessa forma, busca a compensação através das drogas e da bebida.
   Infelizmente muitos não conseguem se divertir sem um copo na mão, pois fazem disso uma muleta para suas angústias.
   CUIDADO! Você que ainda está firme em seu propósito de abstinência, não se deixe levar pela crença de que só um pouco não faz mal; esqueça esse pouco e se agarre nos muitos benefícios que a vida abstêmio te proporciona.

   Divirta-se sempre com moderação, amando a cada dia sua abstinência!